Decorria o jogo Boavista-Benfica, quando no sítio onde me
encontrava, um senhor teve um comentário interessante. "O Benfica hoje
não está com a dinâmica habitual!". Isto fez-me lembrar de uma citação de
Carlos Carvalhal que li recentemente e que vai um pouco de encontro ao
comentário deste senhor. Dizia Carvalhal que as dinâmicas da equipa estão
dependentes do perfil dinâmico dos jogadores nas suas posições. Que por exemplo, se uma equipa tiver um lateral direito ofensivo e num certo jogo tiver
que jogar um lateral direito mais defensivo, as dinâmicas da equipa vão mudar.
Logo podem imaginar o que acontece quando se mudam 4 ou 5 jogadores titulares,
que no fundo foi o que aconteceu no jogo do Benfica.
Mas não desviando do tema principal, abrem-se algumas
dúvidas na minha cabeça relativamente a este tema. É inegável que o
perfil dinâmico de cada jogador é essencial para a forma como a equipa se
apresenta em campo. Mas as dinâmicas "originais" da equipa, introduzidas e fomentadas desde a
pré-época, mudam apenas por isso? Ou serão antes simplesmente interpretadas de
outra forma? Num passado recente vimos, por exemplo, Busquets ou Mascherano a
jogar a 6 no Barcelona. O perfil de cada jogador acabava por influenciar as
dinâmicas de jogo da equipa, mas ao ponto de as alterar? Ou seriam as dinâmicas as mesmas mas apenas não tão bem interpretadas devido ao diferente perfil dinâmico que se encontrava naquela posição? A minha dúvida insere-se
exatamente aqui.
Tenho algumas reticências em acreditar na alteração de dinâmicas coletivas simplesmente pelo uso de jogadores com diferentes perfis em certas
posições. As equipas dificilmente conseguem ter 22 jogadores homogeneamente distribuidos por posição, no entanto é óbvio que o procuram. Se o Barcelona
deixasse sair Busquets, dificilmente iria à procura de um "destruidor de jogo" para aquela posição. As dinâmicas de equipa são treinadas semana após semana e
a tendência será sempre para melhorá-las usando os diferentes perfis dinâmicos dentro
de um plantel. Nisso não tenho dificuldade em concordar, em adaptar as
dinâmicas às características dos jogadores que temos à disposição. Mais difícil é acreditar que numa semana em que o treinador não tenha
jogador X, que as dinâmicas coletivas para esse jogo irão mudar simplesmente porque jogador Y
tem um perfil de jogo diferente.
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