terça-feira, 5 de agosto de 2014

O Futebol é Tóxico?

A falência do Banco Espírito Santo está na ordem do dia. Curiosamente pouco se tem falado nas implicações deste facto em relação ao futebol nacional. Talvez porque seja um tema de certa forma hermético. Talvez porque estamos em período de férias. Talvez porque é uma questão demasiado delicada e ninguém parece devidamente habilitado a levantar a ponta do véu sobre certos negócios e engenharias financeiras que nos últimos tempos têm suportado a atividade dos clubes, em particular os mais fortes. Talvez porque todos têm telhados de vidro nesta matéria e é difícil apontar o dedo aos outros...


É conhecida a relação próxima que o Grupo Espírito Santo mantinha com o futebol. A começar pela presença de um dos homens fortes do Grupo até há bem pouco tempo nos órgãos dirigentes do Sporting (José Maria Ricciardi), passando pelos patrocínios aos 3 Grandes, pelo suporte à gestão dos passivos dos clubes e suas Sociedades Anónimas e culminando na gestão direta de Fundos de Investimento exclusivos de Benfica e Sporting. É óbvio e natural que a queda da família Espírito Santo e seu grupo empresarial tenha reflexos profundos na vida e gestão dos principais clubes portugueses, mais que não seja porque deixaram de poder contar com os seus principais interlocutores na banca.

Os relatórios e contas das 3 SAD, a 30 de junho de 2013, apontavam para uma exposição global de Benfica, Sporting e FC Porto ao BES num valor superior a 200 milhões de euros, sendo cerca de dois terços relativos a dívida de curto prazo. Mais de metade desta exposição é responsabilidade da SAD benfiquista. 

É impossível dissociar a recente febre de venda de ativos benfiquistas desta realidade. Ao contrário do que tem acontecido com os seus rivais nota-se desmesurada urgência na realização de transferências por parte do Benfica. Vende-se tudo, a qualquer preço, desde que haja comprador. Vão-se os anéis tentando preservar os dedos.

Encontro dois motivos que justificam esta necessidade:

1 - O Benfica contraiu em dezembro do ano passado um empréstimo obrigacionista no valor de 50 milhões de euros com maturidade de 1 ano e emissão organizada pelo Banco Espírito Santo de Investimento, SA. Desde 2010, pelo menos, que o Benfica cumpre o pagamento das obrigações contraindo novo empréstimo obrigacionista. Sempre com o BES como parceiro privilegiado. Agora já não há BES e desconfio que a facilidade para contrair novo empréstimo desta dimensão daqui a 4 meses não será a mesma...

2 - O Benfica Stars Fund é um fundo de investimento criado em setembro de 2009 com duração prevista para 5 anos. Sim, o prazo deste fundo de valores mobiliários termina daqui a 2 meses. Do Relatório e Contas da Benfica SAD relativo à época de 2012/13: "À data do presente relatório ainda não foi tomada uma decisão sobre a opção a tomar no final do período previsto para o Fundo. A contabilização dos activos e passivos decorrentes do Benfica Stars Fund, assim como o reconhecimento dos rendimentos no período, foi efectuada no pressuposto da continuidade do Fundo após 30 de Setembro de 2014.

Embora a Espírito Santo Activos Financeiros, SGPS (ESAF) tenha transitado para o Novo Banco não é líquido que, com a nova administração, haja continuidade do Benfica Stars Fund. E o que é certo é que vários dos jogadores que tinham parte dos seus direitos económicos no Fundo já foram vendidos (Kardec, André Gomes, Rodrigo, Garay, Cardozo).

1 comentário:

Costa disse...

https://www.youtube.com/watch?v=BdKLqcrtaVw

é só isto!