sábado, 7 de junho de 2014

A Caminho do Mundial

Ontem houve jogo da seleção. Portugal-México, com algumas opções interessantes de Paulo Bento que urge tentar compreender. No papel, um 4-2-3-1 que passou a 4-3-3 (com um único pivô) perto do final da 1ª parte. Na linha defensiva Almeida a DE, no meio-campo Moutinho a 10 e Vierinha a fazer companhia a Nani e Éder na frente de ataque. A maior surpresa? Coentrão no duplo-pivô.


Será importante questionar a validade desta última opção por duas razões: o deslocamento de Coentrão para o centro do terreno implica, obviamente, a sua saída da posição de DE. Almeida dá garantias de raramente falhar no aspeto defensivo mas no ataque fica (muito) aquém do madrileno. A segunda razão prende-se com a (falta de) opções, dentro dos 23, no centro do terreno e com aquilo que Coentrão pode acrescentar. Moutinho é de longe o melhor médio desta seleção. A dúvida reside: quem acompanha Moutinho no meio-campo? Bem, depende da estrutura a adotar. No jogo de ontem, até ao recuo de João Moutinho, Coentrão, de perfil com Veloso sem bola, não deu garantias a nível defensivo. Normal para quem não possui rotinas no lugar mas ainda assim, preocupante. Com um Moutinho que pressiona em terrenos bastante avançados, exige-se um duplo-pivô com coordenação e ocupação racional do espaço numa zona tão fulcral. Miguel Veloso não é um bom exemplo nesse capítulo, o que torna a situação ainda mais insustentável e com a agravante de não existir tempo suficiente para trabalhar este problema até ao inicio do Campeonato do Mundo. Coentrão empresta à equipa criatividade, movimentos de rutura no espaço, velocidade de execução e qualidade técnica, características muito em falta no miolo português. No entanto, uma disposição em 4-3-3 com o triângulo invertido, que coloque um pivô em constantes coberturas, mantendo o equilíbrio nas costas da dupla Moutinho-Coentrão pode vir a ser uma opção válida para integrar Fábio naquela zona. Dependerá depois da estrategia adotada por Paulo Bento perante os próximos adversários.

Éder na frente da disputa

Outra questão interessante de abordar é a da escolha entre Éder ou Hélder Postiga na frente de ataque. Dois jogadores diametralmente opostos, especialmente nos movimentos sem bola o que influencia a ligação entre o meio-campo e o ataque. Éder procura bastante a profundidade, constantemente colado aos centrais à espreita de uma oportunidade para finalizar. Postiga é a antítese. Jogador de bola no pé, de apoios frontais e de procura do espaço entre-linhas. Cada um com as suas características, a preferência recairá sobre aquele que melhor se integrará no estilo de jogo da equipa, sem nunca esquecer que acima da estratégia para cada jogo está a identidade da equipa. E para já, das impressões retiradas nos últimos dois jogos, Éder leva vantagem numa filosofia de um futebol mais vertical e de Transição. Porém, são notórias as dificuldades da equipa em zonas de criação em Organização Ofensiva (que falta faz Postiga neste aspeto) e não parece haver um trabalho sustentado no sentido que tal se resolva da melhor maneira... mas isso será assunto para outro dia.

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