domingo, 22 de junho de 2014

Equipa de Homens?

"Temos de ser uma equipa de homens" - Paulo Bento.

Depois de uma pesada derrota contra a candidata Alemanha, que expôs ainda mais as debilidades patentes da nossa Seleção, hoje apela-se à atitude, à raça, ao querer e à determinação. Curiosamente, tudo aspetos que estiveram mais que presentes no jogo da 1ª ronda. O problema de Portugal não foi e raramente é a falta de atitude. É um chavão muitas vezes usado por quem não sabe como mais explicar as derrotas e maus resultados de determinada equipa ou jogador.

"Olha para eles, andam ali a passo!" ou "Estes nem sequer suam a camisola, havia de ser eu!". Qualquer jogador que entre em campo, salvo algumas excepções, joga para ganhar, ainda para mais a este nível. A quem olha de fora pode dar a ideia que em certos momentos o jogador X está desinteressado, que não corre porque não quer e por isso merece ser criticado. Mas se quem opina o faz sem as bases corretas corre o (grande) risco de dizer asneiras. E se assim o fizer irá certamente influenciar a opinião de outros, que por sua vez acabam por ceder à tentação da crítica fácil sem sequer ponderarem as verdadeiras razões. Infelizmente este acaba por ser o raciocínio de muita gente. À falta de vontade para pensar bem nas coisas, subjugam-se à crítica fácil.

Mas deixando de lado este pequeno desabafo, há que pensar, com cabeça, naquilo que nos espera hoje. Como em tudo na vida, a adaptabilidade a diferentes situações é uma qualidade extremamente útil mas sem nunca pôr de lado a nossa identidade. No futebol o pensamento aplica-se na mesma medida. Qualquer equipa que jogue primariamente em função do adversário estará destinada a sofrer com a caoticidade do jogo.

Setores afastados, marcações individuais, dificuldades enormes em controlar os espaços, ineficácia em posse, dependência das transições para Ronaldo, falta de linhas de passe próximas ao portador, desiquilíbrio no posicionamento das coberturas. Estas foram algumas das razões objetivas daquilo que se passou no último jogo dentro das 4 linhas para Portugal perder, e bem, contra uma seleção muito mais inteligente e adulta. Não foi falta de atitude ou de querer. Foi falta de cabeça. Falta de ideias. Falta de maturidade tática.

Veremos como hoje responderá no campo a equipa liderada por Paulo Bento. Estragos foram feitos mas nada que não seja (em parte) passível de ser resolvido. Antes de mais, colocar em campo quem melhor pode contribuir para o sucesso da equipa: William e Amorim e Postiga. E deixar de depender tanto de Ronaldo.

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