terça-feira, 17 de junho de 2014

Notas sobre a Selecção

Ponto prévio: não éramos favoritos, contra uma Alemanha que terá sempre uma palavra a dizer nesta competição. Temos um conjunto de jogadores de qualidade mediana, com um ou outro que se destaca individualmente. No entanto, custa perceber como não conseguimos sequer ser competitivos nesta estreia no Mundial 2014. Ou será que não custa?

- De que serviram os jogos de preparação? Partiu-se com uma ideia de 4x4x2 que poderia trazer frutos com Ronaldo a jogar por dentro e com a equipa, naturalmente, menos exposta defensivamente pelo flanco de onde partem Coentrão e o madeirense; em seguida testou-se Coentrão como médio interior, trocaram-se os avançados e, acima de tudo, não se deram minutos nem rotinas a jogadores que hoje apareceram em campo. Fosse qual fosse a ideia de jogo, Rúben Amorim e Varela tornam o flanco direito português muito mais competente a atacar e a defender.

- O jogo começou com um ou dois lances interessantes por parte de Portugal, que tremeu com um erro de Rui Patrício. Ainda com o nulo no marcador, há um lance que pode definir muito daquilo que seria o jogo: recuperação de bola de Miguel Veloso (que, como habitualmente, acompanha o seu opositor directo para todo o lado, ainda que na maior parte das vezes isso cause dissabores à organização defensiva portuguesa) em terrenos adiantados e um claro 3x2 para resolver. A imagem mostra o momento em que Veloso se desfaz da bola.


- Umas quantas perguntas surgem na minha cabeça. Dividindo o campo em 3 faixas ao comprimento, qual delas será a que mais nos aproxima do golo? Como trabalha Paulo Bento a transição ofensiva? Será que devemos passar de uma situação de 3x2 para um 1x0, ou será que é seguir o grito de Ronaldo e passar-lhe a bola?

- Com o passar dos minutos tornou-se gritante a facilidade com que a Alemanha conseguia jogar dentro do nosso bloco, sempre com soluções entre-linhas e facilidade de processos. A nossa equipa mostrou dificuldades em organizar-se após perda, e mesmo em organização defensiva o bloco nunca foi compacto. Esta Alemanha parece querer tornar-se um misto das antigas e frias equipas germânicas, com um toque das potências que têm ganho a Bundesliga: a verticalidade de Klopp, a inteligência de Guardiola. Veremos como será daqui para a frente.

- A história do jogo termina com a 1ª parte. À expulsão de Pepe segue-se o golo de Muller, que confirma não só a superioridade alemã como também expõe outra das vulnerabilidades da selecção portuguesa. 



- Nani: com tanto tempo para definir um passe, até eu jogo com o Lahm, Kroos e companhia. Convém pressionares e encurtares na bola, e assim retirares tempo e espaço ao portador. A passo é mais complicado.

- Última nota: sem Coentrão será mais complicado, mas ainda é possível o apuramento. Com William Carvalho no lugar do Veloso, com Amorim e Varela pela direita, com menos pontapé para o ar do Bruno Alves, com Moutinho em jogo e, essencialmente, com mais cabeça fria e pés no chão. Às vezes uma derrota obriga-nos a outra atitude e a outras opções. Já passaram 10 anos, Scolari, lembras-te?

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