quarta-feira, 18 de junho de 2014

A importância de um cérebro

Este Mundial vou com os olhos fechados
1. Teria sido importante um cérebro para várias personagens da maior desilusão deste Mundial, a Espanha.

2. Em primeiro lugar, seria importante para Del Bosque, para que não escolhesse os jogadores seleccionáveis e o 11 titular, em função de estatutos (como Casillas, ou a saída de Pique em detrimento de Ramos), ou em função de pressões externas (como Diego Costa), quase uma obrigação depois de se ter naturalizado e de ter feito uma grande época.

3. Em segundo lugar, seria novamente importante para Del Bosque, para que respeitasse uma geração que ganhou tantas coisas, a maior de sempre de selecções certamente, e que, no último Mundial de muitos, se vê vergada sem qualquer respeito, se vê descaracterizada, tudo porque se introduziu um novo avançado (que não é tudo o que se quer fazer dele, apesar de ter qualidade), que muitos dizem que serve para dar profundidade num jogo que seria "mastigado", mas que, em tudo o que tocou nesta competição estragou, sem qualquer qualidade a jogar entre - linhas (será coincidência que hoje tenhamos visto mais jogo directo do que nunca na selecção espanhola), com um primeiro toque de costas para lá de fraco, que foge totalmente do registo destes jogadores, que nem na profundidade se conseguiu movimentar. Não merecia Xavi.

4. Em terceiro lugar, para Casillas, que parece que tem o seu congelado desde algum tempo para cá. A defesa do segundo golo não lembra a ninguém.

5. O último cérebro seria para Ramos. Não chegou ficar ligado, e de que maneira, à goleada holandesa, hoje voltou a fazer das suas.




A jogada começa com dois erros de Xabi Alonso, primeiro na decisão que toma, poderia mais facilmente ter dado um passe mais perto em Busquets, que estava de frente, e depois no gesto técnico, que o faz falhar o passe. No entanto, é de notar a passividade de Javi Martìnez, dado que, com um/dois passos para o seu lado direito e teria aberto uma linha de passe ainda mais simples para Xabi Alonso. Depois começa o show de Ramos. Quando o jogador chileno toca pela primeira vez na bola bate Ramos, o que é normal, dado a velocidade com que tudo decorre. Nesse instante, Javi Martinez sai na contenção, e bem. Quem não esteve tão bem foi Ramos, que em vez de rapidamente se ajustar para ficar na cobertura a Javi, defendendo o espaço central, ficou em cima do jogador chileno, sem se saber bem a fazer o quê. Quando se apercebe da asneira foi tarde, já a bola estava a passar entre as pernas. Mas, o recital não acaba aqui, se parar o vídeo no segundo 43, vê Ramos a olhar para a bola, sem qualquer contacto visual com o avançado chileno e, consequentemente, muito longe para defender o que interessava, o espaço central que, curiosamente, é onde está a baliza. No meio disto tudo, convém destacar o mérito do Chile, com um dos bons golos deste Mundial.

6. Para terminar, é importante frisar que há muitos Ramos por esse mundo fora, que agradam a muita gente, porque saltam à vista, ou porque são muito fortes e agressivos, ou porque são muito rápidos ou porque tem um pouco das duas, no entanto, falta-lhes o mais importante, um cérebro.

6 comentários:

Anónimo disse...

Concordo com grande parte do que foi dito. À primeira vista tinha-me parecido logo que o Ramos tinha demorado a ajustar-se, talvez pelo instinto primata que teve em perseguir o portador da bola...
No entanto, acho que a opção de passe para o Javi Martínez, mesmo após um ajuste (de um/dois passos para a direita)teria sido demasiado arriscada, até pelo contexto emocional da Espanha, não menosprezando o nível do Alonso.
Nem só o Diogo Costa veio estragar esta Espanha, a mudança de paradigma já se fazia sentir, até pelo ''cair'' do Barcelona. Mas que o brasileiro veio ajudar a tombar nuestros hermnos, isso é inegável!
TM

Anónimo disse...

ramos, o típico jogador da moda.

colecciona erros atrás de erros e mesmo assim continua a ser adorado pela maioria, incrível.

Unknown disse...

Nem só o Diogo Costa veio estragar esta Espanha, a mudança de paradigma já se fazia sentir, até pelo ''cair'' do Barcelona.

TM

Não sei se terá assim tanta influência, quantos do Barça estavam a jogar hoje? E no jogo com a Holanda? Portanto nem acho que seja por aí porque nem tem assim tantos jogadores do Barça a jogar, parece-me é que se for destruíndo um registo que a Espanha domina melhor que ninguém, e para isso começar, basta jogar com o Diego Costa, ou deixar Xavi e Cesc de fora.

Anónimo disse...

Ainda estavam a jogar alguns, creio que quatro e já em competições anteriores não haviam muitos mais do que quatro, quanto muito seis, no entanto reconheço que haja influência...
Mas concordo que a mudança de registo da Espanha foi prejudicial. Os loucos vão dizer que ''não se pode ganhar a jogar sempre da mesma maneira e que já toda a gente sabe como a Espanha joga'' mas a abordagem das equipas que jogam contra a Espanha já é esta desde 2010, mas enfim!
O Diego Costa veio provar a influência que um corpo estranho tem numa equipa, ainda por cima tendo sido colocado a jogar em tão curto espaço e tempo. Não se adequa ao modelo da Espanha, e nem teve tempo para ser condicionado (não que isso aconteça nas seleções hahaha)!
TM

Anónimo disse...

No ponto 6 estarás a incluir alguns dos centrais que foram na comitiva portuguesa para o Brasil? :)

Unknown disse...

"No ponto 6 estarás a incluir alguns dos centrais que foram na comitiva portuguesa para o Brasil? :)"

Sim, todos menos 1. Aliás, com muita pena minha, é o que mais se vê por esse mundo fora.